domingo, 16 de março de 2008

PARA TI, DOCE LIZA !


PARA TI, DOCE LIZA!
A ideia que se possa defenir "Homo", dando-lhe a qualidade de Sapiens, isto é, de um ser razoável é pouco sábia.
Homo é tambèm Demens: manifesta uma afectividade extrema, conclusiva, com paixões, cóleras, gritos, mudanças de humor, traz em si uma fonte permanente de delirio, crê uma virtude de sacrificios "sangrentos", dá corpo, existencia, poder a mitos e Deuses da sua imaginação. Há um ser humano um vasto expólio de "Ubris", a desmesura dos Gregos.
A loucura humana é fonte de ódio, crueldade, barbárie e cegueira. Mas sem as desordens da afectividade e as imrrupções do imaginário, sem a loucura do impossivel não existiria entusiasmo, criação, invenção, amor, musica e poesia...
Do mesmo modo, o ser humano é um animal não só insuficiente em razão mas também dotado de semi-razão.
Temos necessidade de controlar Homo-Demens para exercer um pensamento racional, argumentado, critico, complexo.
Temos necessidade de inibir em nós o que Demens tem de mortifero. Temos necessidade de sabedoria, que nos pede prudência, temperança, humildade, diplomacia, cortesia e desprendimento.
Prudência sim, mas não será esterilizar as nossas vidas ao evitar o risco a todo o custo? Temperança sim, mas será necessário evitar a experiencia com a "consumação" do êxtase? Desprendimento, sim mas será necessário renunciar aos laços do amor ou da amizade?
O mundo em que vivemos é talvez um mundo de aparências, a espuma de uma realidade mais profunda mais profunda que escapa ao tempo, ao esforço, aos nossos sentidos e ao nosso entendimento. Mas o nosso mundo dá separação, dá dispersão, dá finitude, e tambem dá atracção do encontro, da exaltação. Estamos completamente imersos neste mundo que é o sofrimento das nossas felicidades e dos nossos amores.
Não sentir, é evitar o sofrimento mas também o regozijo. Quanto mais aptos estamos para a felicidade mais vulneráveis ficamos para a infelicidade, "a felicidade deita-se aos pés da infelicidade".
Estamos condenados ao paradoxo de conservar em nós, simultâneamente, a consciência da vacuidade do nosso mundo e a plenitude que nos pode trazer a vida.
Se a sabedoria nos pede para nos desprender-mos do mundo da vida, será ela verdadeiramente sábia? Se aspiramos á plenitude do amor, seremos nós verdadeiramente loucos'
Reconheço o amor como o cúmulo da união da loucura e da sabedoria, isto é, que no amor, sabedoria e loucura não só são inseparáveis como se entregam uma á outra.
Reconheço poesia não só como modo de expressão literária, mas como um estado dito "segundo" que nos surge do fervor, da admiração, da comunhão da sabedoria, da exaltação e claro do amor que em si contem todas as expressões do estado "segundo."
A poesia está liberta do mito e da razão trazendo em si a sua união. O estado poético transporta-nos através da loucura e da sabedoria.
O amor é parte da poesia da vida, amor e poesia identificam-se! Há que assumir o amor! Contudo há que evitar que a prosa absorva as nossas vidas que são tecidas de prosa e poesia.
A sabedoria pode problematizar o amor, mas o amor e a poesia podem podem reciprocamente problematizar a sabedoria.
Devemos fazer de tudo para desenvolver a nossa racionalidade, mas é no próprio desenvolvimento que a racionalidade reconhece os limites da razão e desenvolve diálogos com o irracional.
O excesso de sabedoria torna-se loucura e a sabedoria só evita a loucura misturando-se com a loucura da poesia e do amor.
O nosso presente está em busca de sentido mas o sentido não é originário e não vem do nosso exterior.
Jamais devemos cessar em nõs o diálogo entre a sabedoria e a loucura, ousadia e prudência, economia e despesa, temperança e consumação, desapego e apego.
È aceitando a tensão dialógica que a permanência e antagonismo entre amor-poesia e sabedoria-racionalidade se completam.
Viver é sentir a vida com o minimo dos medos aos quais nos for possivel permitir, sermos tomados.
"CARPE DIEM" 9/3/2008

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