


Na entrada para a idade adulta disseram-lhe que o seu futuro estava no canto lirico e assim se tornou soprano.
Depois de um constante vai e vem entre Portugal e Alemanha edita o primeiro album, onde mistura a "Flauta Mágica" de Mozart a "Pride" dos U2.
Bono Vox convive bem com Mozart?
Se tivesssem tido essa oportunidade acho que se dariam muito bem...
Juntou-os no seu disco.
È verdade. Quis transpor os registos mais diversos para uma orquestra, e acredito que ao ouvirmos o album na integra quase não se destinguem diferenças temporais. Há uma separação em termos de tecnica vocal da minha parte e por isso poderia dizer-se que existem duas Lizas.
Por que é que o fez?
Queria mostrar que se fizermos tudo muito genuino e com o coração pode-se perfeitamente adaptar a voz a dois estilos diferentes. Para alem disso teria de conceber algo inovador ou sería apenas mais uma cantora lirica a gravar um album. Por ser ainda nova achei possivel e aceitável inovar.
De um modo geral as pessoas são resistentes á mudança. Não teve medo de arriscar á primeira?
Ainda tenho. Mas quero acreditar que quem compre o album tenha uma abertura mais futurista da musica clássica. Acima de tudo sou cantora de opera e espero ter aliciado o publico mais jovem para a musica clássica.
Suponho que Cars não sejam do seu tempo...
Por acaso não, foi-me imposto pelo produtor e editora , mas sem duvida que resultou.
Esteve seis dias a gravar em Praga. Era impossivelfaze-lo com uma orquestra Portuguesa?
Não. A escolha da orquestra aconteceu unicamente porque já havia realizado três digressões na Alemanha, já estava familiarizada com os musicos .
Será que tambem não teve que ver com o misticismo daquela cidade?
Isso só ajudou a tornar as condições perfeitas. Já tina estado em Praga aquando dos ensaios para o "Fantasma da Opera". A cidade é lindissima, tem um carisma e uma energia unicos.
Tem algum momento em especial?
Entre muitos que a cidade proporcionou, um que me marcou relativamente ao album foi os 52 musicos no final das gravações aplaudirem com os arcos nas estantes...jamais esquecerei.
Passa muito tempo fora. Sente-se emigrante?
De forma alguma, apesar dos longos periodos longe sou muito portuguesa e sinto imensa falta do meu país durante essas temporadas.
Adaptou-se bem ao estilo de vida germânico?
Quando lá cheguei pela primeira vez vivi uma fase um poco dificil devido á cultura e educação, ao rigor alemão, o frio era insuportável, a comida nem comento...no entanto o publico alemão conquistou-me por completo e com o tempo tentei compreender e aprendi a ser um pouquinho alemã o que faz com que hoje já esteja completamente adaptada e integrada na sociedade germânica.
Como é o desprendimento das raízes?
Como artista quando decidi iniciar uma carreira tive de me mentalisar de tudo o que tería de abdicar em prol do canto, e saber todas as dificuldades que teria de superar. No meu caso foi uma mentalização drástica pois começei a cantar profissionalmente muito nova e ainda no inicio do curso de canto. Só me apercebi verdadeiramente das minhas poções quando passei o primeiro Natal e Final de Ano sózinha num quarto de hotel.
Há uma luta interior?
Constante. E como artista sinto uma instabilidade emocional muito grande, já para não falar dos altos e baixos de uma carreira mas todos os artista vivem com essa insegurança.
Impõe metas?
Sim obviamente mas já não de uma forma obsseciva...vivo um dia de cada vez esperando o que a vida tem para me surpreender.
Onde é que entra a patinagem artistica?
Surgiu a par do teatro infantil aos 4 anos, após ter tentado o Ballet onde não foi possivel devido a um problema num tendão que me impossibilitava estar de pontas. Na patinagem fiz um bom percurso e fiz diversos campeonatos, mas acabei por desistir numa fase já de sofrimentode dores agudas nas rótulas.
Chegou a participar num programa televisivo.
Sim, na TVI o "Luzes da Ribalta", ganhei cinco semanas consecutivas a cantar fado. Na verdade foi algo muito positivo pela experiencia em televisão.
Não tem receio de vir a arrepender-se de olhar para trás e ver que abdicou de muita coisa em prol da profissão?
Espero que não, na verdade amo o que faço e apenas aproveito as oprtunidades que a vida me tem dado, não sou de virar costas. De resto vivo o dia a dia e o momento.
Correio da manhã-6 de Fevereiro 2005
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